SAIAM DA FRENTE!
Continuando...
Com a devida vénia ao autor,
Com a devida vénia ao autor,
Página 42,
Cavaco Silva
«... Cavaco nunca se sente bem em ambientes de conflito. Cavaco nunca foi, ao contrário do que disseram alguns analistas da época, uma Thatcher à portuguesa (antes fosse...). Prefere o diálogo à ruptura. Durante meses sentiu-se tentado a convencer José Sócrates dos riscos associados às opções que vinha fazendo (por exemplo a aposta, ad nauseam, nas parcerias público-privadas, na linha ferroviária de alta velocidade, no novo aeroporto de Lisboa, etc.). Debalde.
Quando o Presidente se convenceu de que Sócrates não ouvia, passou a fazer avisos públicos. Em várias ocasiões disse ao país que era arriscado fazer uma aposta tão forte no investimento público (ainda que trasvestido sob a forma de Parcerias Público-Privadas), sem nunca entrar em confronto directo com o então primeiro-ministro.
Este, no entanto, percebendo a crítica, começou a criticar publicamente Cavaco Silva.
É aqui que começa o maior erro de Cavaco enquanto Presidente: teve receio de acelerar a ruptura. Isto é, teve receio de uma escalada do conflito com José Sócrates, vendo a possibilidade de eleições legislativas antecipadas no horizonte.»
Página 43,
«De que serviu adiar as eleições?
...
...Teixeira dos Santos, recorde-se, não teve pejo de aumentar os salários dos funcionários do Estado 2,9 por cento em 2009, ano em que os preços caíram 0,8 por cento em Portugal, e ano em que a crise financeira estava totalmente instalada, e já fazia estragos, na Europa e em Portugal.
Recordo também que no ano em que Portugal aumenta os salários dos funcionários do Estado 2,9 por cento, os Irlandeses, ainda sem Troika em casa, decidiram cortar 15 por cento os vencimentos dos funcionários públicos e dos políticos.»
Página 64,
José Sócrates
«...
Voltando a Sócrates, a razão que leva a incluí-lo no grupo de pessoas que não podem voltar ao poder é que foi responsável pela mais trágica das bancarrotas que Portugal conheceu em 39 anos de democracia. Mas, pior do que isso, é não reconhecer os erros que cometeu.
...
À la grega: com cortes violentos na despesa, com perdões de dívida que vão pôr o país fora dos mercados durante muito tempo e com uma regressão impensável no nível de vida: desde 208 a Grécia perdeu 25 por cento do seu Produto Interno Bruto e despediu 100 mil funcionários públicos (com mais 50 mil na calha).
É isto que convém não esquecer.»
Página 71,
Holanda
«O que precisamos de fazer nem sequer é inovador. Basta copiar quem está a fazer bem.
O leitor observa alguma diferença nos objectivos financeiros entre partidos de esquerda e de direita na Holanda?
São diferenças subtis. Uns e outros defendem o controlo da despesa, uns e outros defendem uma fiscalidade baixa (para atrair empresas), uns e outros defendem a abertura do mercado ao exterior...
É isso que precisamos de aprender a fazer em Portugal.»
Oportunamente voltarei a publicar deste livro.
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