1.
Transcrevo um pequena mas significativa parte da entrevista de JOSÉ SILVA LOPES ao Negócios em 7/6, já publicada por mim, mas que eu próprio tenho dificuldade em ler, mesmo no iPAD.
«E não é para se gerir?
Quando a dívida atinge o nosso nível, tem de se pagar uma parte, a não ser que nos perdoem uma boa parte.
Não estamos já a ter um processo de reestruturação? O aumento das maturidades, na prática, é uma reestruturação.
Já é um princípio. Agora a troika autoriza-nos a ter défices maiores.Não estão dispostos a dar mais dinheiro, nem um tostão, mas deixam-nos ter gastos maiores. Óptimo. Se não nos dão dinheiro, vamos aos mercados. Mas onde é que os mercados nos vão dar dinheiro? Da última vez deram aqueles 5,7%...
Não aguentamos nem uma taxa de 2%!
Conhece a dinâmica da dívida pública? Com o PIB deste ano a descer 2,3% (a OCDE já propôs mais, e se calhar tem mais razão do que o Governo) e o deflacionador do PIB perto de zero, dá uma variação nominal de -2,3; com a taxa de juro de 5,7%, dá uns 8% de diferença (em relação à variação do PIB). Aplicado a uma dívida - se considerarmos só a do Estado, claro - que é de 120, dá quase 10%. Portanto vamos ter um aumento de 10% da dívida só por causa deste efeito. E andamos todos contentes, festejamos isto tudo. Não sabemos fazer contas.
Andamos contentes?
Bem, não andamos contentes. Mas não sabemos fazer contas. Ninguém quer fazer contas. O próprio Governo, não sei se as faz, mas já não tem coragem de as mostrar.»
Negócios online em 7/5/2013
Emissão a 10 anos com taxa de 5,669% melhor do que em Janeiro de 2011
«O Estado português conseguiu, nesta terça feira, colocar nos mercados internacionais 3.000 milhões de euros de títulos de dívida a 10 anos a uma taxa de juro de 5,669%.»
1.2
Negócios online em 22/5/2013
Endividamento das famílias portuguesas baixa mais de 9 mil milhões desde 2011
«De acordo com os dados do Boletim Estatístico publicados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, a dívida das famílias portuguesas baixou 3,9% para 164.360 milhões de euros em Março, o que equivale a 100,4% do PIB».
O negrito e a alteração para milhões foram meus.
1.3
Negócios online em 22/5/2013
Dívida pública superou 127% do PIB no primeiro trimestre
«O valor da dívida pública portuguesa calculado na óptica de Maastricht - a que conta para o procedimento das dívidas excessivas em Bruxelas e que assume como limite o equivalente a 60% do PIB - subiu para 127,3%, segundo os valores acumulados até Março (inclusive) divulgados pelo Banco de Portugal. No final de 2012 situava-se em 123,6% do PIB»
2.
O meu sogro em 1 de Janeiro, logo após ouvir a
Mensagem de Ano Novo do Presidente da República Palácio de Belém, 1 de janeiro de 2013
acercou-se de mim e disse escandalizado: "Malandros, o Cavaco disse agora que 20% do nossos impostos, vão para juros!"
Fui a www.presidencia.pt >PRESIDENTE DA REPÚBLICA >Intervenções > Mensagem de Ano Novo...
Li, retirei a frase:
« A dívida do Estado ultrapassa o total da produção nacional durante um ano. Os juros absorvem 20% do total dos impostos que são cobrados»
Depois, dei os parabéns ao meu sogro! E dei mais vezes, pois os dias passavam e não me apercebia de em qualquer jornal, TV, rádio ou na net, mais alguém ter ficado escandalizado.
2.1
Quanto à primeira frase, em 1.3 sabemos que já superámos 127,3% do PIB no primeiro trimestre!...
A 2ª frase : "Os juros absorvem 20% do total dos impostos que são cobrados"
No Diário da República, 1ª série - N.º252 -31 de dezembro de 2012 está a Lei nº 66 -B/2012 de 31 de dezembro.
Orçamento
Pág. 108 de 199 Mapa I:
RECEITAS DOS SERVIÇOS INTEGRADOS, POR CLASSIFICAÇÃO ECONÓMICA
RECEITAS CORRENTE
IMPOSTOS DIRETOS 16.556 milhões de euros (16. 555.926.474 euros)
IMPOSTOS INDIRETOS 19.272 milhões de euros (19.271.792.393 euros)
Pág. 116 de 199 Mapa IV
DESPESAS DO SERVIÇOS INTEGRADOS, POR CLASSIFICAÇÃO ECONÓMICA
03.00 JUROS E OUTRO ENCARGOS 7.276 milhões de euros (7.276.336.548 euros)
2.2
A conta do PR terá sido:
7.276 / 16.556+19.272 = 20,31%
2.3 Ontem, 19/6, foi aprovado o Orçamento Rectificativo.
3.
www. expresso.sapo.pt > HENRIQUE MONTEIRO Chamem-me o que quiserem
O discurso do gajo porreiro
Hoje: eu já li!
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