A VIDA DA EDP EM MÃOS PRIVADAS ... DESDE 1997

IRRESPONSÁVEIS

Como a promiscuidade entre Estado, empresas, gestores e políticos destruiu a economia

CAMILO LOURENÇO

matéria- prima edições, Dezembro de 2014. 215 Páginas. 

CONTRACAPA

A VIDA DA EDP EM MÃOS PRIVADAS ... DESDE 1997




Páginas 168 a 171

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A HISTÓRIA DA EDP COMEÇA EM 1976 QUANDO O ESTADO CONGREGOU AS EMPRESAS DO SECTOR ELÉCTRICO QUE FORAM NACIONALIZADAS EM 1975.

A SUA MISSÃO ERA O TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉCTRICA E RESPECTIVA PRODUÇÃO (95%). A EMPRESA CONHECEU UMA FASE DE GRANDE EXPANSÃO NA DÉCADA DE 80 QUE LHE PERMITIU LEVAR A DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA A QUASE 98% DO TERRITÓRIO DO CONTINENTE.

NO INÍCIO DA DÉCADA DE 90, O GOVERNO DE CAVACO SILVA ALTERA O SEU ESTATUTO, QUE PASSA DE EMPRESA PÚBLICA PARA SOCIEDADE ANÓNIMA. EM 1994, CAVACO SILVA PROCEDE A UMA REMODELAÇÃO PROFUNDA DA EMPRESA CRIANDO O GRUPO EDP. E, EM 1996, A EMPRESA FAZ OS PRIMEIROS INVESTIMENTOS FORA DE PORTUGAL (ESPANHA E BRASIL).

[1997]

A VIDA DA EDP EM MÃOS PRIVADAS TEM QUASE 20 ANOS. FOI EM 1997 QUE O ESTADO VENDEU A PRIMEIRA TRANCHE DE CAPITAL DA EMPRESA, QUANDO ERA PRIMEIRO-MINISTRO ANTÓNIO GUTERRES, CUJO GOVERNO OPTOU PELA VENDA EM BOLSA DE CERCA DE 30% DO CAPITAL DA EMPRESA.

A EDP É O EXEMPLO QUE MAIS SE APROXIMA DO CAPITALISMO POPULAR TÃO DO AGRADO DO ANTECESSOR DE GUTERRES: ANÍBAL CAVACO SILVA.

A PRIVATIZAÇÃO DESSA TRANCHE FOI UM GRANDE SUCESSO. NÃO PORQUE GUTERRES FOSSE UM ADEPTO DESTE TIPO DE CAPITALISMO, MAS PORQUE COINCIDIU COM UMA FASE EM QUE OS INVESTIDORES, NOMEADAMENTE OS PEQUENOS, ESTAVAM A REGRESSAR À BOLSA PORTUGUESA. ESSA EUFORIA ESTAVA ESTREITAMENTE RELACIONADA COM O MOMENTO DO MERCADO EM PORTUGAL.

O ESTADO JÁ VENDERA AS PRIMEIRAS TRANCHES  DA CIMPOR (JULHO DE 1994) E DA PT (JUNHO DE 1995), QUE ESTAVAM A TER UM BOM COMPORTAMENTO EM BOLSA; OS INVESTIDORES ESTAVAM CONFIANTES DE QUE PODIAM GANHAR DINHEIRO NO MERCADO DE CAPITAIS.

[1998]

A SEGUNDA FASE DE PRIVATIZAÇÃO DA EDP OCORREU EM MAIO DE 1998.

NÃO HOUVE QUALQUER DISPERSÃO DE CAPITAL DA EMPRESA. TRATOU-SE TÃO SÓ DE REALIZAR UMA TROCA DE PARTICIPAÇÕES ENTRE A EDP E OS ESPANHÓIS DA IBERDROLA. MEDIANTE O ACORDO ENTRE AS DUAS EMPRESAS, CADA UMA PASSARIA A FICAR COM 2,25% DO CAPITAL DA OUTRA. ESTA PRIVATIZAÇÃO OCORREU NUM MOMENTO CRÍTICO DAS RELAÇÕES ECONÓMICAS ENTRE PORTUGAL E ESPANHA: O ESTIGMA DA TOMADA DE CONTROLO DE EMPRESAS IMPORTANTES EM PORTUGAL POR PARTE DE INVESTIDORES ESPANHÓIS DITAVA A FORMA COMO OS GOVERNOS EVITAVAM PERDER A FACE PERANTE O SEU ELEITORADO.

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A TERCEIRA FASE DE PRIVATIZAÇÃO OCORREU NO MESMO ANO, UM MÊS DEPOIS.

O ESTADO VENDE 16,2% DO CAPITAL DA EMPRESA E NESSA OPERAÇÃO A IBERDROLA FICA COM OS 2,25% QUE HAVIAM SIDO ACORDADOS.

[2000]

A QUARTA FASE JÁ SÓ ACONTECEU EM 2000, NO MOMENTO EM QUE O ESTADO VENDEU UMA TRANCHE SIGNIFICATIVA DO CAPITAL DA EMPRESA: 20%.

A OPÇÃO POR UMA FATIA TÃO GRANDE DE CAPITAL ESTEVE RELACIONADA COM O FACTO DE O GOVERNO NA ALTURA, CHEFIADO POR ANTÓNIO GUTERRES, JÁ ESTAR A ENFRENTAR DIFICULDADES FINANCEIRAS.

RECORDE-SE QUE, COMO EXPLICÁMOS EM OUTRO CAPÍTULO, O GOVERNO DE GUTERRES FOI UM DOS MAIS DESPESISTAS DA DEMOCRACIA.

COM A VENDA DESTA PARTICIPAÇÃO, O ESTADO PERDIA CLARAMENTE O CONTROLO DA EMPRESA, A MENOS QUE OPTASSE POR UTILIZAR A GOLDEN SHARE QUE DETINHA NA EDP.

[2004]

A QUINTA FASE OCORREU EM 2004.

À SEMELHANÇA DA SEGUNDA FASE, AQUI TAMBÉM NÃO HOUVE DISPERSÃO DO CAPITAL EM BOLSA. A PRIVATIZAÇÃO FEZ-SE COM UM AUMENTO DE CAPITAL PARA PERMITIR À EDP PASSAR A CONTROLAR A HIDROCATÁBRICO, UMA EMPRESA DAS ASTÚRIAS, EM CUJO CAPITAL TINHA ENTRADO COMO ACCIONISTA MINORITÁRIO EM 2001.

COM A CONCRETIZAÇÃO DESTA QUINTA FASE, O ESTADO PORTUGUÊS PASSOU A DETER APENAS 25,6% DO CAPITAL DA EDP.

[2005 E 2007]

EM DEZEMBRO DE 2005, A EMPRESA COLOCOU 572,8 MILHÕES DE EUROS EM OBRIGAÇÕES E, EM NOVEMBRO DE 2007, FEZ OUTRA OPERAÇÃO SEMELHANTE QUE FEZ ENTRAR 1.015 MILHÕES DE EUROS NA EDP.

[2011... TROIKA]

A OITAVA FASE JÁ FOI  CONCRETIZADA DEPOIS DA ENTRADA DA TROIKA E COM O ACTUAL GOVERNO EM FUNÇÕES.

FOI AQUELA QUE RENDEU MAIOR ENCAIXE AO TESOURO: CERCA DE 3 MIL MILHÕES DE EUROS.

A EDP TEM AGORA, COM A ENTRADA DE UM PARCEIRO ESTRATÉGICO (CHINA THREE GORGES), COM OS BOLSOS FUNDOS, A OPORTUNIDADE DE CRESCER AFIRMANDO-SE NOS MERCADOS EXTERNOS.

EM BOA VERDADE, É PRECISO DIZER QUE 64% DO NEGÓCIO DA EDP JÁ VEM DO EXTERIOR.

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